Alguma coisa sobre literatura e arte.

Muito cômodo

segunda-feira, 5 de novembro de 2007 em 1:26:00 AM

Ter raiva é muito cômodo.
O sentimento de vingança é muito cômodo.
O egoísmo também é muito cômodo.
E o preconceito é muito cômodo.
(Não saber o que é, ou quando se tem preconceito é muito cômodo.)
Não perdoar é muito cômodo.
Mandar alguém se fuder é
cômodississississimo.
E ter rancor é cômodo.

Evitar tudo isso é braçal.
Não sentir é duríssimo.
Conquistar tais sublimações consiste numa nobreza que parece ser inatingível.
Também é muito fácil falar,
sugerir, quando se julga tais caminhos melhores alternativas.
mas tentemos!
Por ser incomum, pouco usual,
Parecido levar p'rum lugar de mais paz do que esse atual.

Jorge Amado

terça-feira, 30 de outubro de 2007 em 1:47:00 AM


[miniana28-10-2007-20.10.12.jpg]

O Superorgânico

sábado, 15 de setembro de 2007 em 8:52:00 AM

"Segundo um dito que é quase proverbial, e verdadeiro na medida em que podem ser verdadeiros tais lugares comuns, o escolar moderno sabe mais que Aristóteles;
mas esse fato, soubesse o escolar mil vezes mais que Aristóles, nem por isso o
dota de uma fração do intelecto do grande grego. Socialmente - é o conhecimento,
e não o desenvolvimento maior de um ou outro individuo, que vale, do mesmo modo
que na mesuração da verdadeira força da grandeza da pessoa, o psicologo ou o
geneticista não leva em consideração o estado do esclarecimento geral, o grau
variavel do desenvolvimento ligado á civilização, para fazer suas comparações.
Cem aritóteles perdidos entre nossos ancestrais habitantes das cavernas não
seriam menos Aristóles por direito do nascimento; mas teriam contribuido muito
menos pra o progreso da ciência de que doze esforçadas mediocridades no século
vinte. Um super-Arquimedes na idade do gelo não teria inventado nem armas de
foto nem o telégrafo. Se tivesse nascido no Congo ao invés de uma Saxônia, não
poderia Bach ter composto nem mesmo um fragmento de coral ou sonata, se bem que
possamos confiar igualmente em que ele teria eclipsado os seus compatriotas em
alguma epécie de música. Quanto a saber se existiu algum dia um Bach na África,
é outra questão - á qual não se pode dar uma respota negativa meramente porque
nenhum Bach jamais por lá apareceu, questão que devemos razoalmente admitir não
ter tido resposta, mas em relação á qual o estudioso da civilização, até que se
apresente uma demonstração, não pode dar mais que uma respota e assumir uma só
atitude: supor, não como uma finalidade mas como uma condição de método, que
existiram tais indivíduos; que o gênio e a capacidade ocorrem com frequencia
substancialmente regular, e que todas raças ou grupos bastante grandes de homens
são em média substancialmente iguais e têm as mesmas qualidades. "


Alfred Kroeber, 1949 - Superorgânico, P. 264

Provavelmente mais um apógrifo do Mario Quintana. Porém muito belo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007 em 12:18:00 AM

Não quero

Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim,
que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame,
não se importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas
as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem.
O importante pra mim, é saber

que eu,
em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso
estampado em meu rosto,
mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz
para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...
E poder ter a

absoluta certeza de que esse alguém
também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar
de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou,
não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo,
que abusa demais dos bons sentimentos
que a vida lhe proporciona,
que de valor ao que realmente importa,
ao meu sentimento... e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude,
para que eu nunca cresça,
para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo,
mas se um dia isso acontecer,
quero ter foras suficientes para
mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor,
e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar,
amanhã será outro dia, e se eu não desistir
dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito
e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança
ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um "não"
que a gente teima em maquiá-lo de verde
e entendê-lo como "sim".

Quero poder ter a liberdade de
dizer o que sinto a uma pessoa,
de poder dizer a alguém o quanto ele é
especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros ...
Sem correr o risco de ferir uma
ou mais pessoas com esse sentimento

Quero, um dia, poder dizer
as pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena
se doar as amizades e as pessoas,
que a vida é bela sim,
e que eu sempre dei o melhor de mim
... e que valeu a pena!!!


Mario Quintana :-\ até que se prove o contrário.

Sonho

quinta-feira, 9 de agosto de 2007 em 12:06:00 AM

[magritte2.jpg]

Não sei de quem é. Quem souber avisa!
ah, esqueci.. isso nao é possivel. nao aqui nesse blog.

Amei-te e por te amar...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007 em 12:30:00 AM



Amei-te e por te amar
Só a ti eu não via...
Eras o céu e o mar,
Eras a noite e o dia...
Só quando te perdi
É que eu te conheci...

Quando te tinha diante
Do meu olhar submerso
Não eras minha amante...
Eras o Universo...
Agora que te não tenho,
És só do teu tamanho.

Estavas-me longe na alma,
Por isso eu não te via...
Presença em mim tão calma,
Que eu a não sentia.
Só quando meu ser te perdeu
Vi que não eras eu.

Não sei o que eras. Creio
Que o meu modo de olhar,
Meu sentir meu anseio
Meu jeito de pensar...
Eras minha alma, fora
Do Lugar e da Hora..

Hoje eu busco-te e choro
Por te poder achar
Não sequer te memoro
Como te tive a amar...
Nem foste um sonho meu...
Porque te choro eu?

Não sei... Perdi-te, e és hoje
Real no [...] real...
Como a hora que foge,
Foges e tudo é igual
A si-próprio e é tão triste
O que vejo que existe.

Em que és [...] fictício,
Em que tempo parado
Foste o (...) cilício
Que quando em fé fechado
Não sentia e hoje sinto
Que acordo e não me minto...

[...] tuas mãos, contudo,
Sinto nas minhas mãos,
Nosso olhar fixo e mudo
Quantos momentos vãos
Pra além de nós viveu
Nem nosso, teu ou meu...

Quantas vezes sentimos
Alma nosso contacto
Quantas vezes seguimos
Pelo caminho abstrato
Que vai entre alma e alma...
Horas de inquieta calma!

E hoje pergunto em mim
Quem foi que amei, beijei
Com quem perdi o fim
Aos sonhos que sonhei...
Procuro-te e nem vejo
O meu próprio desejo...

Que foi real em nós?
Que houve em nós de sonho?
De que Nós fomos de que voz
O duplo eco risonho
Que unidade tivemos?
O que foi que perdemos?

Nós não sonhamos. Eras
Real e eu era real.
Tuas mãos - tão sinceras...
Meu gesto - tão leal...
Tu e eu lado a lado...
Isto... e isto acabado...

Como houve em nós amor
E deixou de o haver?
Sei que hoje é vaga dor
O que era então prazer...
Mas não sei que passou
Por nós e acordou...

Amamo-nos deveras?
Amamo-nos ainda?
Se penso vejo que eras
A mesma que és... E finda
Tudo o que foi o amor;
Assim quase sem dor.

Sem dor... Um pasmo vago
De ter havido amar...
Quase que me embriago
De mal poder pensar...
O que mudou e onde?
O que é que em nós se esconde?

Talvez sintas como eu
E não saibas senti-o...
Ser é ser nosso véu
Amar é encobri-o,
Hoje que te deixei
É que sei que te amei...

Somos a nossa bruma...
É pra dentro que vemos...
Caem-nos uma a uma
As compreensões que temos
E ficamos no frio
Do Universo vazio...

Que importa? Se o que foi
Entre nós foi amor,
Se por te amar me dói
Já não te amar, e a dor
Tem um íntimo sentido,
Nada será perdido...

E além de nós, no Agora
Que não nos tem por véus
Viveremos a Hora
Virados para Deus
E n'um (...) mudo
Compreenderemos tudo.

Algo mais ou menos: Te amo por me odiar :-\ // Da serie: Textos pop-anonimos da internet..

terça-feira, 3 de julho de 2007 em 12:55:00 AM

Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro. É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira. Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim. Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito. Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você. E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos. Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível. Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco. Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando. Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração. Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor. E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas: Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo. Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado.
Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica. Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso. Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.

Sem titulo, então: "É assim que te quero, amor..."

em 12:51:00 AM

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda - Sem titulo

Tinha que me identificar com essa musica tão legal?

segunda-feira, 18 de junho de 2007 em 3:07:00 AM



Quicksand
Travis
12 memories




Take me away, take me away
You said that you were gonna stay
But you're always lying anyway
You're gonna suffer if you don't start breathing now
Now that I need you
You're going away

Everyday sinking into quicksand
Follow me down the drain

But it doesn't matter anyway
You're gonna get yours any day
And while you put the blame on me
If you could only see yourself as others see
Now that I need you
You're going insane

Everyday sinking into quicksand
Follow me down the drain
Everyday drinking in the same bar
Drowning my sorrows away

Take me away, take me today
Or I'm never gonna get away
But it makes no difference to me
It's just the sound of one more rock star bleeding out
Now that I need you
You're out of the frame

Day by day, sinking into quicksand
Follow me down the drain
Everyday drinking in the same bar
Made mine the same again




TRADUÇÃO
Areia movediça



Leve me embora, leve me embora
Você disse que ia ficar
Mas você estava sempre mentindo mesmo
Você vai sofrer se você não começar a respirar agora
E agora que eu preciso de você
Você está indo embora

Todo dia afundando no areia movediça
Siga me dreno abaixo

Mas não importa mesmo
Você vai ter o seu algum dia
E enquanto você poe a culpa em mim
Se você pudesse se ver como os outros vêem
Agora que eu preciso de você
Você enlouquece

Todo dia afundando no areia movediça
Siga me dreno abaixo
Todo dia bebendo no mesmo bar
Afundando minhas magoas

Leve me embora, leve me hoje
Ou eu nunca vou escapar
Mas não faz diferença pra mim
É só o som de um sangramento de mais uma estrela do rock
Agora que eu preciso de você
Você está sem estrutura

Dia após dia afundando no areia movediça
Siga me dreno abaixo
Todo dia bebendo no mesmo bar
Feito meu o mesmo denovo

Porquinho da india // ou minha primeira namorada // Manuel Bandeira

segunda-feira, 21 de maio de 2007 em 11:06:00 AM




do meu livro do poeta..

Fotografia: Pés calejados

sexta-feira, 11 de maio de 2007 em 11:01:00 AM



dá pra ampliar...

Poema em Linha Reta - Fernando Pessoa

sexta-feira, 4 de maio de 2007 em 12:06:00 PM

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Poeminha: Prefiro nao acreditar

quarta-feira, 11 de abril de 2007 em 2:09:00 AM

De uma comunidade "prefiro nao acreditar". Acho que é de autoria do dono da comunidade - nao me importei muito com isso - que a fez pelo poema. Colori de cinza o que achei meio dissonante. Assim acho que mexo um pouco na estrutura de uma coisa que não é minha... mas da pra entender que isso é entao a minha versão de como eu queria que fosse este poemnha.

Prefiro não acreditar que tudo isso está acontecendo comigo;
Prefiro acreditar que vc foi embora, mais que vc vai voltar;
Prefiro acreditar que estou sonhando, mais que a qualquer momento posso acordar e te ter bem aqui do meu lado;
Prefiro acreditar que meu sofrimento é soh um alicerse para que eu xegue as nuvens;
Prefiro acreditar que meu sorriso faz alguém feliz;
Prefiro acreditar que a felicidade anda ao meu lado, eu que ainda não a descobri;
Prefiro acreditar que meus sonhos um dia irão virar realidade;
Prefiro acreditar que vc ainda sonha comigo;
Prefiro acreditar que vencerei;
Prefiro acreditar que o mundo um dia se tornará melhor;
Prefiro acreditar que as pessoas um dia vão compreender mais as outras;
Prefiro acreditar que seus olhos são minha luz;
Prefiro acreditar que meu sofrimento não foi em vão...
..Que um dia eu ainda vou poder olhar nos teus olhos e dizer: TE AMO...VALEU A PENA ESPERAR POR VC..POR NÓS DOIS!


Tudo bem.. é meio tosco. Mas eu me identifiquei com algo. Perdoem.

Cronica singela do Bruno Medina dos Los Hermanos.

terça-feira, 3 de abril de 2007 em 1:00:00 AM

Durante muito tempo no meu no orkut. Do bruno medina. No blogger dele.

- Persianas Solarium, bom dia.
- Bom dia, eu sou um cliente de vocês e gostaria de fazer uma reclamação.
- pois não senhor, do que se trata?
- Acabou de sair da minha casa o rapaz, funcionário de vocês, que veio instalar uma persiana. Acho que ele não estava de bom humor.
- Ele não estava de bom humor?
- Sim, não estava.
- Mas ele foi grosseiro ou não cumpriu alguma solicitação feita pelo senhor?
- Não, não, não se trata disso, ele não estava de bom humor mesmo.
- Mas ele instalou as persianas da forma que o senhor desejava?
- Sim, ficaram boas, do jeito que foi combinado.
- E ele não fez nenhuma grosseria pro senhor?
- Não.
- E porque o senhor acha que ele não estava de bom humor?
- Ele esteve em minha casa durante uma hora e vinte e em momento nenhum deu um sorriso.
- Sei...mas ele foi prestativo?
- Foi, mas sem sorriso. Inclusive quando eu ofereci-lhe um copo d'água ele apenas bebeu e no final disse muito obrigado.
- Disse muito obrigado?
- Disse.
- Bom, senhor, talvez ele esteja tendo um dia difícil, ou então pode ser que ele seja assim mesmo.
- Assim como?
- Não sei, sério, ou vai ver ele é até uma pessoa simpática, mas talvez não tenha se sentido à vontade para sê-lo em sua casa.
- Mas como não? Eu sou muito generoso com as pessoas que me prestam serviço.
- Olha, senhor, eu posso estar sendo leviano, mas talvez nosso instalador pode ter se sentido coagido, pode ter se sentido cobrado. Será que o senhor de alguma forma não demostrou que o estava achando antipático?
- Mas foi ele quem não sorriu primeiro!
- Mas as persianas ficaram boas?
- Sim, ficaram ótimas, apesar do mau humor dele.
- Bom, senhor, se o problema tivesse sido na instalação das persianas ou se o funcionário tivesse o desacatado eu poderia fazer alguma coisa, mas em relação ao humor dele, acho que infelizmente não posso fazer nada.
- Sei. Mas vão deixar ele continuar indo nas casas das pessoas instalar persianas de mau humor?
- Senhor, me desculpe, mas acho que o funcionário não fez nada de errado. Pelo que me consta, e, perdoe a sinceridade, ele não é obrigado a sorrir para o senhor, contanto que instale as persianas corretamente. Acho, inclusive, que ele tem o direito de sorrir para quem ele quiser!
- você também não está de bom humor pelo visto, né?
- Passar bem, senhor.

Coluna do bruno medina pro site Scream & Yell - Sobre ser "Roqueiro!"

segunda-feira, 26 de março de 2007 em 8:44:00 AM

INSTANTE ANTERIOR
A Força de um Hábito
por Bruno Medina

Há algum tempo eu queria escrever sobre um determinado tema, hesitei. Por que sempre que falo sobre esse assunto tenho a impressão de estar pisando em ovos. Talvez antes de começar eu devesse discorrer um pouco sobre que aspectos criam um mito, qual é a força de um hábito cultural? Pois bem, nossa sociedade é permeada de ritos e símbolos de enquadramento social; a primeira transa, a entrada para faculdade, o nascimento de um filho, todos acontecimentos inesquecíveis na vida de qualquer um, todos ritos carregados de fortes significados sociais. Uma das primeiras experiências a qual o ser humano é submetido logo na infância acontece na escola.

É lá que percebemos que não somos o centro do universo -como nossos pais nos faziam pensar- e aprendemos a importância de se relacionar com outros indivíduos, de fazer amigos e de ser aceito. Com o passar do tempo o que era comum a todos passa a se aprimorar, se segmentar, e surgem os gostos. Vem a adolescência e com ela a turma dos bagunceiros, a turma dos cdfs, e é mais ou menos nessa época que você deve ter ouvido falar pela primeira vez no tema desse texto: o bom e velho rock ‘n roll.

Essa frase de tão repetida e pomposa ficou solene, virou uma instituição. Estou exagerando? Então reflita sobre sua adolescência e tente se lembrar de qual imagem te sugere uma camiseta preta surrada com um escrito incompreensível e uma imagem sombria? Quando se tem 13 ou 14 anos usar uma dessas camisetas significa status para muita gente.

Nessa época em que começa a se formar uma personalidade e todos procuram desesperadamente por uma forma de mostrar ao mundo que existem, não custa nada pedir uma ajuda para o Black Sabbath, o Iron Maiden ou os Ramones, como tantos outros já fizeram. Os benefícios são muitos: de cara você já vai estar inserido num grupo, o dos roqueiros. Vai estar mostrando para todos que não é mais criança e já está apto a beijar na boca, beber, fumar e fazer macaquices em geral para chamar atenção das meninas e atenuar os efeitos de uma voz de criança na sua agora expoente virilidade. Pode chamar de "bicha" quem gosta de outro som que não rock, e será apoiado. Enquanto cresce seu cabelo, enquanto não cresce sua barba, você estará protegido.

Claro que esse personagem que eu criei está bastante estereotipado mas todos nós sabemos que ainda hoje ele existe, e você mesmo se não foi assim provavelmente conheceu alguém que foi. Caso não concorde comigo pelo menos nunca duvide da força que tem o bom e velho rock ‘n roll. Um caso particular me fez testemunha de que esse fenômeno ainda possui muitos adeptos e inacreditável poder de mobilização: em meados de 2000 meu colega Marcelo Camelo ousou dizer que não gostava de Ramones no "Gordo Pop Show", programa exibido na época pela MTV com apresentação de João Gordo.

Além de sermos expulsos do programa pelo cínico apresentador ainda tivemos que ouvir muito em nossos shows por todo Brasil o coro de "Ramones, Ramones" ou "Hey-ho, let’s go!" e acredite que eu não me espantaria em constatar que isso acontece até hoje, dois anos depois do que foi dito num programa a tarde num canal UHF!

A estória é muito engraçada mas denota que a maioria dos roqueiros não sabe o que o rock significa, não percebem que o rock era um movimento de contracultura e de contestação. O rock se perdeu quando virou bom e velho e deixou de ser a voz da revolução para se tornar uma entidade careta e preconceituosa.

Me deixa triste perceber que muitos que se dizem roqueiros esqueceram da principal característica do movimento que é a ruptura do que está estabelecido. Para mim o rock se mescla com outros estilos, se veste de branco, acorda cedo e usa óculos para ler jornal. É velho mas está à par das novidades e se esforça para buscar novos caminhos para expressar o mesmo sentimento que havia há 30 anos atrás. Apesar de não me identificar nem de me sentir influenciado pelos grandes nomes do rock sou capaz de respeitá-los, não respeito gente burra e preconceituosa.

Sou a favor de experiências sonoras que acrescentem atributos e qualidade ao estilo, sou contra prateleiras sectárias de lojas de cd. Enquanto os roqueiros brasileiros discutem o que sua banda predileta pode ou não dizer e fazer não percebem o espaço ínfimo que o rock ocupa no cenário nacional. Poderiam haver mais rádios, mais shows, mais festivais se não houvesse tanto medo de se expor e consequentemente ser popular.

E quando eu digo isso não estou sugerindo que as bandas de rock saiam por aí fazendo playback e mergulhando na banheira do Gugu, apenas defendo que se pare de enxergar o rock como um movimento fechado, hierárquico e burocrático. Ser roqueiro é muito mais do que se vestir de preto, usar bota, fazer tatuagens, deixar o cabelo crescer e falar palavrões, ser roqueiro é não ter medo de ousar e não repetir a cartilha que já caducou. Reflita se seu ídolo criou alguma coisa relevante ou se ele se conformou em repetir seus antecessores e ser só mais um no "partido da situação". Caso você não encontre uma resposta, insista, é difícil mesmo.


Bruno Medina, 23 anos, comprou coturnos e se vestiu de preto quando tinha 15 anos. Demorou 3 semanas para perceber que era mais legal ser ele mesmo, tinha poucos amigos na escola e sempre achou ridícula aquela voz de ogro característica dos vocalistas de banda Heavy Metal.

eu aprendi.. (poeminha bonito qualquer que achei no orkut, Gosto da parte que fala que o melhor amigo pode machucar tambem...

terça-feira, 13 de março de 2007 em 6:02:00 AM

Eu aprendi:

Que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando,
que eu tenho que me acostumar com isso;
Que não é bastante ser perdoado pelo outros,
eu preciso me perdoar primeiro;
Que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo,
o mundo não vai parar por causa disso.

Eu aprendi:

Que a palavra amor perde o sentido, quando usada sem critério;
Que certas pessoas vão embora de qualquer maneira;
quer você queira ou não;
Que é difícil traçar uma linha entre ser gentil,
não ferir pessoas, e saber lutar pelas coisas que acredita

Eu aprendi:

Que sou mais forte que imaginava, e que posso ir mais longe

depois de pensar que não podia mais;
E que realmente a vida tem valor e eu tenho valor diante da

vida !

Matéria Humilde (Ferreira Gullar)

domingo, 11 de março de 2007 em 1:10:00 AM





"E a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbio, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição a vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz...” FERREIRA GULLAR (é.. o curso ta servindo pra alguma coisa..)

Aquarianos.. (Será que ela era aquariana? Quero nem saber...)

sexta-feira, 9 de março de 2007 em 8:17:00 AM

Aquarianos são assim... Têm sempre razão. E quando não têm, apresentam uma justificativa plausível, com um nível de seriedade às vezes convincente, às vezes irritante, outras estranhamente divertida. Difícil conviver com eles e não se sentir fora do lugar, equivocado, desequilibrado, atrapalhado, ou ao menos ter uma dessas sensações, das quais eles parecem estar tão distantes. Se erram o caminho é porque o caminho mudou. Se o assunto não está agradável tendem a simplesmente abstrair-se do interlocutor a ponto de não ouvir uma única palavra. Para entrar numa discussão, o assunto e a pessoa têm que valer muito à pena.São definitivos em suas mágoas e absolutos em suas verdades, até que as verdades mudem… E elas costumam mudar ao menos uma vez na vida, levando o aquariano a se reinventar e recriar urgentemente seu novo pacote de justificativas. A maioria delas precedida de uma história, um verdadeiro enredo. É a pura realidade também que a maioria deles, não são todos, trocam o bom humor pela acidez da ironia, ora fina, ora descambando para o sarcasmo. Mas calma! Aquarianos nem sempre seguem o mesmo script. Alguns são calmos, silenciosos, sensíveis e doces, outros são elétricos, alegres, futurísticos, fugazes.Não raro possuem o dom da palavra, embora se atrapalhem com ela. De modo geral, são intuitivos, aparentemente conservadores, mas libertários espiritualmente, e até revolucionários na forma de encarar o mundo, até porque freqüentemente pensam: “Desembarquei na estação errada. Deve ter algum lugar muito melhor que esse.”À sensação de estar de passagem, soma-se o desejo de estar só, achando mesmo que não há companhia melhor.Posso dizer que são pessoas amigas, ótimas ouvintes e observadoras quase ao nível da indiscrição e que detestam incomodar.

O amor quando se revela (Fernando Pessoa)

em 3:27:00 AM

O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa
(esse meu xará...)