"Segundo um dito que é quase proverbial, e verdadeiro na medida em que podem ser verdadeiros tais lugares comuns, o escolar moderno sabe mais que Aristóteles;
mas esse fato, soubesse o escolar mil vezes mais que Aristóles, nem por isso o
dota de uma fração do intelecto do grande grego. Socialmente - é o conhecimento,
e não o desenvolvimento maior de um ou outro individuo, que vale, do mesmo modo
que na mesuração da verdadeira força da grandeza da pessoa, o psicologo ou o
geneticista não leva em consideração o estado do esclarecimento geral, o grau
variavel do desenvolvimento ligado á civilização, para fazer suas comparações.
Cem aritóteles perdidos entre nossos ancestrais habitantes das cavernas não
seriam menos Aristóles por direito do nascimento; mas teriam contribuido muito
menos pra o progreso da ciência de que doze esforçadas mediocridades no século
vinte. Um super-Arquimedes na idade do gelo não teria inventado nem armas de
foto nem o telégrafo. Se tivesse nascido no Congo ao invés de uma Saxônia, não
poderia Bach ter composto nem mesmo um fragmento de coral ou sonata, se bem que
possamos confiar igualmente em que ele teria eclipsado os seus compatriotas em
alguma epécie de música. Quanto a saber se existiu algum dia um Bach na África,
é outra questão - á qual não se pode dar uma respota negativa meramente porque
nenhum Bach jamais por lá apareceu, questão que devemos razoalmente admitir não
ter tido resposta, mas em relação á qual o estudioso da civilização, até que se
apresente uma demonstração, não pode dar mais que uma respota e assumir uma só
atitude: supor, não como uma finalidade mas como uma condição de método, que
existiram tais indivíduos; que o gênio e a capacidade ocorrem com frequencia
substancialmente regular, e que todas raças ou grupos bastante grandes de homens
são em média substancialmente iguais e têm as mesmas qualidades. "
Alfred Kroeber, 1949 - Superorgânico, P. 264
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